terça-feira, 14 de outubro de 2008

António de Macedo: O Bom, o Mau e o Vilão

Para aqueles que não conhecem, tenho o prazer de apresentar António de Macedo. Cineasta, escritor e investigador, Macedo vai passando por merecidas homenagens, ainda que não sejam alvo de grande alarde noticioso. Depois de tímida espécie de homenagem na Cinemateca, onde foi possível ver o seu último filme, Chá Forte com Limão, do já longínquo 1993; recebeu o prémio de Consagração de Carreira da SPA; e mais recentemente foi homenageado no Encontro de Cinema Fantástico Português, que decorreu na Faculdade de Belas Artes de Lisboa.
António de Macedo, o Vilão, pois teve a frontalidade de, enquanto cineasta, enfrentar um sistema que defendia - e defende - como parcial e tendencioso na atribuição de subsídios para que se façam filmes no nosso país; facto que lhe valeu uma guerra com o então-poder e o elevado preço de não voltar a filmar.
António de Macedo, o Mau, pois o seu cinema é injustamente rotulado por quem faz de opinion-maker como kitsch, vulgar e desinteressante, em vez de inventivo e caso singular de uma obra coerente; ao longo da quase totalidade das suas 15 longas-metragens, fora o grande resto.
António de Macedo, o Bom, pois os seus filmes são feitos com base em ideias do seu interesse – e não vou referir que há aqui alguns dos maiores êxitos de bilheteira do luso cinema –, que é possível juntar num grande grupo a que se pode chamar exotérico-científico; nunca se tendo desviado desse mesmo caminho; e além do mais, tendo sido o único realizador que verdadeiramente se interessou de forma preocupada, investigando e solucionando novos horizontes técnicos. O único que em Portugal se debruçou sobre a problemática dos efeitos visuais, agindo como (também) investigador; e isto nos anos 70 e 80.
O seu trabalho de escritor é já um percurso coerente no campo exotérico e neo-gótico, campos em que é investigador; e para trás ficam manifestações de interesse por campos musicais concretos e em cinema. Fez parte do verdadeiro e restrito núcleo central do Cinema Novo Português, juntamente com Paulo Rocha, Fernando Lopes e António da Cunha Telles. É neste âmbito que surge a sua primeira longa-metragem de ficção, Domingo à Tarde, no ano de 1965. As outras são:
Sete Balas Para Selma, 1967
Nojo aos Cães, 1970
A Promessa, 1972
O Rico, o Camelo e o Reino ou O Princípio da Sabedoria, 1975
As Horas de Maria, 1976
O Príncipe com Orelhas de Burro, 1979
Os Abismos da Meia-Noite ou As Fontes Mágicas de Gerénia, 1983
Os Emissários de Khalôm, 1987
A Maldição de Marialva, 1990
Chá Forte com Limão, 1993

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