sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A Viagem do Elefante


Sim, meus amigos. Saramago está de volta com um livro que tem este título. Uma espécie de romance interactivo - mais do que o costume - concluído depois da angústia da doença que o fez duvidar da conclusão do trabalho. Mas Saramago reanuncia-se no momento em que inaugura o seu blog que pode ser consultado em http://blog.josesaramago.org. A prova de que o respeitável decano da nossa literatura está atento aos sinais dos tempos, como de resto tem mostrado ao longo da sua extraordinária obra que corre muitos milhares de páginas de impressionante força narrativa, sempre com grande patriotismo, ao contrário do que se possa (e alguns fazem-no) afirmar. José Saramago já pôs o dedo em várias feridas portuguesas, como o trabalho rural que era em tempos vivido em condições sub-humanas (Levantado do Chão); as podridões de uma aristocracia bacoca (O Memorial do Convento); retratou Lisboa e homenageou Fernando Pessoa (O Ano da Morte de Ricardo Reis); fez um brilhante exercício crítico à "nossa" realidade europeia (A Jangada de Pedra); mostrou-nos a nossa sociedade de auto-cegueira (Ensaio Sobre a Cegueira). Digam-me: não será isto o mais puro dos patriotismos? Ele, que foi vítima de anti-patriotismo com um livro censurado (ou lá como quiserem dizer), no momento em que O Evangelho Segundo Jesus Cristo poderia ter sido um colosso da literatura internacional.
E mais não adianto. Sobre A Viagem do Elefante, deixo um pequeno fragmento: Fez plof e sumiu-se. Há onomatopeias providenciais. Imagine-se que tínhamos de descrever o processo de sumição do sujeito com todos os pormenores. Seriam precisas, pelo menos, dez páginas. Plof.