quinta-feira, 21 de maio de 2009


O seu nome confunde-se com o cinema: João Bénard da Costa nasceu a 7 de Fevereiro de 1935, em Lisboa e exerceu, desde 1980, cargos de direcção na Cinemateca Portuguesa. Morreu hoje, aos 74 anos.
Ainda antes de 1980, na Fundação Calouste Gulbenkian, em 1961, foi responsável pelo sector do cinema do serviço de Belas Artes da instituição. Licenciado em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1959, com a dissertação Do Tema do «Outro» no Personalismo de Emmanuel Mounier, Benard da Costa foi convidado por Delfim Santos para seu assistente naquela faculdade. A carreira académica foi-lhe impedida, por força da PIDE. Veio a leccionar disciplinas de História e Filosofia, no Seminário Menor de Almada, no Externato Frei Luís de Sousa da mesma cidade, no Liceu Luís de Camões e no Colégio Moderno, entre 1959 e 1965. A paixão do cinema marcou-o desde cedo. Entre 1957 e 60 foi dirigente cineclubista, ao mesmo tempo que presidiu à Juventude Universitária Católica. Fundador da revista “O Tempo e o Modo”, o nome de Benárd da Costa fica também marcado pela presença constante na imprensa. No jornal “Público” chegou a desabafar numa crónica que "passou mais de metade da sua vida no ofício de cronista".Começou no “Expresso”, com Helena Vaz da Silva, mas depois mudou-se para o “Diário de Noticias” onde assinou uma coluna chamada "O mal pelas aldeias". Em 1988 mudou a sua prosa para o jornal O Independente”, onde Paulo Portas e Miguel Esteves Cardoso lhe pediram para escrever sobre "Os filmes da sua vida". A paixão pelo cinema levou-o também a representar, não só em filmes de João César Monteiro, como em filmes do seu amigo Manoel de Oliveira. Laureado com o prémio Pessoa em 2001, João Benard da Costa, recebeu das mãos de Mário Soares a ordem do Infante D. Henrique. Também França lhe atribuiu a comenda de Officier des Arts et des Lettres.Com diversos livros publicados, destacam-se as monografias de Alfred Hitchcock ou John Ford. Mas Bénard da Costa assinou também títulos como "Nós, os vencidos do Catolicismo", em 2003. Na Renascença fez parte, até ao final de 2008, juntamente com Manuel de Lucena, João César das Neves e Francisco Sarsfield Cabral, do painel residente do programa “Com Sal & Pimenta”, de comentário crítico e mordaz da actualidade.
AC/Maria João Costa


quarta-feira, 20 de maio de 2009

In Memorian



Vasco Granja, 1925-2009

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Lembrar António Campos


A partir de hoje, sexta-feira, um dos grandes vultos - ou o grande vulto - do cinema documental português, terá uma merecida homenagem no cinema S. Jorge, em Lisboa.

A abrir, um documentário produzido pela Midas Filmes e realizado pela cineasta e antropóloga Catarina Alves Costa, "Falamos de António Campos". É desejável que quem se interessa pelo cinema documental passe os olhos por esta iniciativa, procurando perceber quem foi esse vulto e como mostrou o país.

Mas tem a palavra a própria Lusa e o que chegou às notícias do Sapo.


Em "Falamos de "António Campos", produzido pela Midas Filmes, Catarina Alves Costa dá a conhecer um dos mais importantes realizadores do documentário português através de testemunhos de críticos, familiares e de pessoas que trabalharam com o cineasta.
O filme integra ainda excertos da obra de António Campos, incluindo o seu primeiro filme, "o Rio Liz", de 1957.
"Descobri o homem por detrás dos filmes, com as suas fragilidades, a sua personalidade, uma forma muito especial de ser", explicou a realizadora à agência Lusa, referindo que o trabalho de pesquisa a levou a Leiria e percorrer alguns dos trajectos pessoais do realizador.
Durante o Panorama, até ao dia 22 no cinema São Jorge, serão exibidos alguns filmes de António Campos, referências no cinema etnográfico, como "Falamos de Rio de Onor" (1974), "A Festa" (1975), "A Almadraba Atuneira" (1961) e "Um tesoiro" (1958), com estes dois últimos a serem exibidos sexta-feira com música ao vivo pelos München.
Catarina Alves Costa partiu para o filme com algum fascínio pela personagem de António Campos, uma noção que foi desmontando à medida que aprofundou o conhecimento sobre o realizador, até descobrir o lado humano, de um homem que se manteve à margem das tertúlias lisboetas.
"Era um clássico, não era uma pessoa que estava dentro das modas do seu tempo, do Cinema Novo, não estava integrado nessas correntes", opinou.
"No fundo, acho que ele é mais parecido com as pessoas da minha geração nalgumas preocupações que ele tinha. O tipo de trabalho que queria fazer se calhar não era muito adequado àquela época, havia radicalmente um corte entre o que era amador e o que era profissional", sublinhou a realizadora, de 41 anos.
António Campos, que registou em filme o Portugal rural e interior dos anos 1960 e 1970, morreu em 1999 aos 77 anos.
A escolha de António Campos conjuga-se com o tema que predomina no Panorama 2009, em que se irá debater a produção, o trabalho mais invisível na realização de um documentário.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Tintim, Octagenário

Foi com as edições brasileiras da Editora Record que conheci quase todas as aventuras de Tintim. A abertura de cada um dos 23 álbuns dava conta de que era banda-desenhada destinada a jovens dos 7 aos 77 anos. Bem, qualquer coisa tem que ser revista porque o próprio Tintim vai amanhã soprar 80 velas, e continua a encantar gerações de leitores por todo o mundo.
Creio que já se disse tudo sobre o jovem repórter belga que um dia Georges Remy - aliás Hergé - criou para o periódico Vingtième. Foi uma longa viagem até ao inacabado àlbum L'Alph Art que colaboradores do falecido Hergé acabaram por concluir em versão não colorida. Pelo meio ficaram viagens e aventuras extraordinárias por que Tintim e os seus companheiros passaram, nos cinco continentes, nas profundezas dos mares e até na Lua.

Gosto de imaginar que ao fim de tantas aventuras e contratempos ultrapassados, todos eles vivem sossegadamente um repouso merecido no recato de Moulinsart, onde se preparam para a celebração dos oitenta anos.

Os aficionados mais jovens talvez não saibam que antes da edição pela Verbo, já o antigo periódico juvenil O Cavaleiro Andante, várias décadas atrás, tinha publicado várias das histórias. Ali se encontravam não Haddock, Tournesol , Milú e a dupla Dupont / Dupond (assim mesmo, com T de Teódulo e D de Demóstenes); mas sim o Capitão Rosa, o Pintadinho, o Ronrom e a dupla Zig e Zag. Quanto a Tintim, é sempre o mesmo, do Alasca à Nova Zelândia, em 2009 como em 1929.
O aniversário tende a ser prolongado com a adaptação cinematográfica que se mantém debaixo de grande segredo, encabeçada por Steven Spielberg, Peter Jackson e o jovem actor Thomas Sangster. Vale a pena recordar que o século passado viu quatro longas-metragens com Tintim como protagonista. Le Temple du Soleil e Le Lac des Requins (que tive a sorte de vêr em projecção no "meu" saudoso Cinema Alvalade) são animações disponíveis no mercado com mais ou menos dificuldade. Sobre Le Mystère des Oranges Bleues e Le Toison d'Or, duas histórias originais com actores de carne e osso, desconheço edição videográfica.

Faço votos para que Spielberg e companhia excedam o que foi conseguido por estas duas últimas. Sim, porque Tintim é Tintim, e em extremo caso, não deve passar da animação.

Parabéns Tintim!