sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Lembrar António Campos


A partir de hoje, sexta-feira, um dos grandes vultos - ou o grande vulto - do cinema documental português, terá uma merecida homenagem no cinema S. Jorge, em Lisboa.

A abrir, um documentário produzido pela Midas Filmes e realizado pela cineasta e antropóloga Catarina Alves Costa, "Falamos de António Campos". É desejável que quem se interessa pelo cinema documental passe os olhos por esta iniciativa, procurando perceber quem foi esse vulto e como mostrou o país.

Mas tem a palavra a própria Lusa e o que chegou às notícias do Sapo.


Em "Falamos de "António Campos", produzido pela Midas Filmes, Catarina Alves Costa dá a conhecer um dos mais importantes realizadores do documentário português através de testemunhos de críticos, familiares e de pessoas que trabalharam com o cineasta.
O filme integra ainda excertos da obra de António Campos, incluindo o seu primeiro filme, "o Rio Liz", de 1957.
"Descobri o homem por detrás dos filmes, com as suas fragilidades, a sua personalidade, uma forma muito especial de ser", explicou a realizadora à agência Lusa, referindo que o trabalho de pesquisa a levou a Leiria e percorrer alguns dos trajectos pessoais do realizador.
Durante o Panorama, até ao dia 22 no cinema São Jorge, serão exibidos alguns filmes de António Campos, referências no cinema etnográfico, como "Falamos de Rio de Onor" (1974), "A Festa" (1975), "A Almadraba Atuneira" (1961) e "Um tesoiro" (1958), com estes dois últimos a serem exibidos sexta-feira com música ao vivo pelos München.
Catarina Alves Costa partiu para o filme com algum fascínio pela personagem de António Campos, uma noção que foi desmontando à medida que aprofundou o conhecimento sobre o realizador, até descobrir o lado humano, de um homem que se manteve à margem das tertúlias lisboetas.
"Era um clássico, não era uma pessoa que estava dentro das modas do seu tempo, do Cinema Novo, não estava integrado nessas correntes", opinou.
"No fundo, acho que ele é mais parecido com as pessoas da minha geração nalgumas preocupações que ele tinha. O tipo de trabalho que queria fazer se calhar não era muito adequado àquela época, havia radicalmente um corte entre o que era amador e o que era profissional", sublinhou a realizadora, de 41 anos.
António Campos, que registou em filme o Portugal rural e interior dos anos 1960 e 1970, morreu em 1999 aos 77 anos.
A escolha de António Campos conjuga-se com o tema que predomina no Panorama 2009, em que se irá debater a produção, o trabalho mais invisível na realização de um documentário.

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