quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O Fado Vai ao Cinema

Amália, O Filme, estreou em grande na última 5ª feira, com um total de 66 cópias de distribuição nas salas portuguesas. Envolto em polémica, os responsáveis pela produção alegam não ser um "biopic", mas sim uma obra inspirada na vida de, e de homenagem à grande fadista. A família de Amália, que tentou impedir que o filme chegasse a bom porto, fez total boicote a tudo o que lhe diga respeito, justamente por defender que a obra falta ao respeito à vida e à memória de Amália Rodrigues.
Vale talvez a pena, recordar algumas obras da carreira cinematográfica da artista. Entrou de forma heróica na 7ª Arte com o filme Capas Negras, de Armando de Miranda, 1947. O Fado é o protagonista maior, "secundado" por Amália, claro, e o acompanhante António Vilar, o grande galã da época do luso cinema. O resultado foi o primeiro grande êxito de bilheteira até então de um filme português. Também digno de nota e do mesmo ano, realce para Fado, História d'Uma Cantadeira, de Perdigão Queiroga, porventura bem mais conhecido do que o primeiro graças à televisão e ao mercado videográfico. A fadista sucumbe aos luxos provenientes do dinheiro das "avenidas" que o talento lhe proporciona, deixando para trás o amor com o guitarrista (Virgílio Teixeira), a mãe e a vida que conhecera no bairro popular. Depois, claro, vem a redenção e tudo volta ao seu lugar, muito pela mão do Fado.
Em Vendaval Maravilhoso, de Leitão de Barros, 1949, interpreta a actriz Eugénia Infante da Câmara, em pleno romance com o poeta brasileiro Augusto de Castro Alves. Como pano de fundo, a libertação dos escravos no Brasil. No ano de 1955 Ewan Lloyd filma o documentário April in Portugal e Amália, cabeça de cartaz e espécie de monitora de turismo, interpreta "Canção do Mar".
Merece também realce, o filme Sangue Toureiro, de Augusto Fraga, 1958. O romance é desta vez entre Amália (Maria da Graça) e Diamantino Viseu (Eduardo Vinhais), toureiro a sério e no filme, naquela que foi a primeira produção portuguesa de uma longa-metragem colorida. Uma última referência para Jorge Brum do Canto que a dirigiu em Fado Corrido, 1964, onde a fadista Maria do Amparo é resistente aos amores de D. Luis, interpretado pelo realizador.Eis portanto uma espécie de Top 5 nacional acompanhado por um documentário britânico, entre muitas participações em longas e curtas, ficções e documentários. Mas o que sempre foi significativo... bem, foi a voz ou o nome da voz. Veremos o que diz o público do filme de Carlos Coelho da Silva. Inteligentemente, a dita Banda Sonora foi editada em simultâneo...

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